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Quando nos deparamos frente à tarefa de
fazer uma revista comemorativa dos Cem Anos de Presença Agostiniana no
Brasil, logo percebemos as diversas dificuldades que fariam deste trabalho
um paradoxo: Como conseguir expressar o espírito na letra? Como plasmar
a singularidade do espírito religioso agostiniano ao longo destes cem
anos? Como captar numa camisa de força, como é o limite das palavras,
um sentimento tão forte como a entrega incondicional de suas vidas, deixando
tudo: casa, família, amigos, costumes, língua, etc., por uma causa maior,
a causa do Reino de Deus? E como pôr limites ao amor de Deus que tem dirigido
os passos destes seus servos como mensageiros da Boa Nova?
Se a linguagem sempre é um obstáculo para passíveis infidelidades, ela
é o instrumento através do qual podemos mostrar a coerência entre a fé
e a vida, entre a contemplação e a ação, entre a vida em comunidade e
o trabalho comprometido, que sempre foi o marco da atuação dos padres
e religiosos agostinianos durante estes cem anos no Brasil. O reconhecimento
disto está escrito com palavras gravadas nas placas das ruas, avenidas
e praças - inclusive com busto -, bairros, frontispícios de escolas, hospitais,
creches e centros de juventude que levam os nomes destes heróis, pelos
diversos lugares onde passaram, no Brasil todo.
O bastão foi passado de mão em mão e, durante estes anos, muitas mãos
se ofereceram a levá-lo: mãos espanholas e brasileiras, de religiosos
e de leigos comprometidos, formando entre todos a grande família da Vice-Província
Agostiniana do Brasil.
Ela será apresentada aqui, nestas breves páginas, relembrando um pouco
a história dos lugares e obras mais marcantes, realizadas junto ao povo,
assim como dos religiosos que trabalharam no Brasil, os que ainda estão
vivos e os já falecidos, passando a mostrar sumariamente a Vice-Província
hoje, como resposta aos grandes desafios do Brasil atual: frente à situação
de pobreza, marginalização e injustiça social, as obras sociais que atendem
gratuitamente a toda esta população; frente à invasão e florescimento
de seitas, trabalhando e buscando novos métodos de evangelização na paróquia
e na escola, e como país emergente nas vocações, incrementando o trabalho
vocacional em todas as pastorais.
Pe. Pelayo Moreno Palacios,
OSA.
Superior Vice-Provincial |